A intensificação das atividades humanas como a mineração, desmatamento, agricultura e pecuária tem pressionado os ecossistemas inseridos e limítrofes à essas áreas de tal forma que vieram a influenciar na integridade funcional ecossistêmica, inviabilizando os processos de sucessão ecológica e a regeneração natural da vegetação. Essas áreas, ditas como degradadas, que em muitos casos, perdem, não somente suas árvores de grande porte, mas também, a total cobertura vegetal, podem se tornar problemas muito mais graves.
O solo exposto a ações da chuva fica susceptível à processos de erosão e lixiviação que poderão causar mudanças na paisagem local através do estabelecimento de ravinas e voçorocas e em paisagens e ecossistemas vizinhos através da receptação e deposição de solo e nutrientes oriundos da área degradada.
Dessa forma, fica evidente a busca por novas técnicas de recuperação, reabilitação e restauração de áreas degradadas que visem a estabilização dos processos erosivos, a recomposição do substrato e o re-estabelecimento das interações fauna-flora que sejam condizentes com a fitofisionomia a qual está inserida. A recuperação de fragmentos florestais degradados tem importante papel na conservação da biodiversidade, pois uma vez protegidos, recuperados e interligados através de corredores ecológicos e matas de galeria podem formar uma extensa área de vegetação nativa.
A discussão destas técnicas convergem para o ponto de que um projeto de restauração bem sucedido não deve-se concentrar somente no plantio de árvores de grande porte, mas sim, em buscar facilitar os processos naturais de revegetação (gatilhos ecológicos) e a integração destes com organismos não árvores e não vegetais. Estudos recentes buscam a introdução de espécies nativas que atraem a fauna, serrapilheiras retiradas de áreas vizinhas que contem sementes, microorganismos, nutrientes e a diversidade da microfauna. Outra técnica consiste na instalação de objetos que venham trazer zoodispersores à área degradada como a instalação de poleiros artificiais e abrigos de fauna, funcionando como trampolim ecológico trazendo animais e sementes de florestas próximas.
Outro fator que se torna unânime na opinião dos pesquisadores da área é a importância econômica na facilitação da participação e inclusão social nos projetos. Modelos de menores custos que possibilitem, como contrapartida, a obtenção de algum beneficio para o produtor que implanta um projeto de restauração torna-se fundamental para incentivar tais medidas. Sistemas agroflorestais, corte seletivo de madeira e certificações em seqüestro de carbono são algumas opções. Para o cerrado a cobertura do solo pode ser feita com o amendoim do cerrado e leguminosos que são comercializadas no mercado. Na Mata Atlântica consórcios que associam espécies nativas com produtos plantados (feijão, milho, amendoim, mandioca e batata-doce) entre os sistemas florestais vem dando bons resultados na relação preservação, recuperação e inclusão socioeconômica.
Um interessante exemplo relacionado ao incentivo à preservação das reservas legais em áreas de agricultura vem através utilização da certificação de créditos de carbono e a posterior exploração sustentável da madeira ou até de espécies silviculturais, após o vencimento do período de creditação. Embora possa se torna uma alternativa para aqueles que decidem pela preservação das reservas legais a creditação de carbono ainda necessita de estudos e definição de políticas para sua execução além de ser necessário grandes áreas, ou a junção de diversas, para que este se torne lucrativo aos produtores rurais.
Diversas experiências, algumas bem sucedidas e outras não, foram realizadas com o intuito da restauração de áreas degradadas mostrando-nos que esta área da ciência ainda se encontra em processo de construção e constante adaptação. Devido a diversidade de variáveis e a complexidade existente nos diversos ecossistemas, solos, climas e geomorfologia característicos de cada fitofisionomia pertencentes a um determinado bioma, assim como, os diferentes tipos de impactos ambientais que geram distintas áreas degradadas torna-se claro que para caso faz necessário um estudo detalhado das fragilidades e potencialidades locais para que um projeto seja bem sucedido. Dessa forma, não pode-se criar um modelo generalista de recuperação de áreas degradadas pois cada bioma e suas diversas fitofisionomias apresentam características peculiares à área e há diferentes interesses para posterior utilização da área recuperada.
Por: Portal Brasil Ambiental
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