sábado, 23 de agosto de 2008

Métodos de recuperação de áreas degradadas

Para o sucesso na recuperação de áreas degradadas é necessário encontrar e utilizar princípios ecológicos e silviculturais. Busca-se então, por meio do conhecimento científico, métodos eficazes de melhorar e nortear os modelos de recuperação (Fonseca et al. 2001). Dentre estes conhecimentos encontram-se a florística; a fotointerpretação; a fitossociologia com estrutura e dinâmica de populações, a auto-ecologia e biologia das espécies; assim como aspectos silviculturais por meio de coleta de sementes, produção de mudas e procedimentos adequados em plantios (Fonseca et al. 2001; Gonzalves et al. 2005). Dentre os modelos utilizados na recuperação em formações florestais tropicais podemos citar:

Plantio ao acaso: utiliza espécies sem seguir uma ordem ou um arranjo pré-estabelecido. Segue o pressuposto que as diferentes espécies, basicamente intermediárias em processos sucessionais que liberam propágulos ao acaso (Kageyama & Gandara 2004).

Plantio heterogêneo: utiliza espécies nativas da fisionomia original das áreas remanescentes com um plantio heterogêneo, proporcionando uma estruturação de novo ambiente mais próximo do natural. Assim, obtêm-se uma continuidade das funções específicas das espécies da comunidade.

Sucessão ecológica: busca aliar espécies pioneiras sombreadoras às espécies dos estágios mais finais de sucessão (clímax). Este sombreamento ocorre de acordo com o arranjo de plantio utilizado. O qual pode ser em Módulos onde uma planta “base central”, dos grupos finais de sucessão, fica circundada por quatro ou mais plantas pioneiras ou em Linhas com a alternância de espécies pioneiras e não pioneiras na mesma linha (Kageyama & Gandara 2004).

Transposição de solo: pequenas porções da camada superficial do horizonte orgânico do solo (5 cm de solo) de áreas com sucessão mais avançada, pois apresenta grandes probabilidades de recolonização da área por microorganismos, sementes, propágulos de espécies vegetais pioneiras e espécies da micro, meso e macro fauna/flora do solo.

Poleiros artificiais: imitam galhos secos de árvores para pouso de aves, repouso ou forrageamento de sementes. Pode ser confeccionado com diversos materiais, como por exemplo, restos de madeira ou bambu. Devem apresentar ramificações terminais onde as aves possam pousar.

Enleiramento de galharia: os resíduos florestais como galhos, tocos e caules de rebrotas formam pilhas distribuídas em leiras com alturas variadas de 0,3 a 0,5 funcionando como um atrativo de fauna e zoodispersores, além de contribuir com recomposição do substrato do solo. (Reis et al. 2003; Bechara 2006).

Semeadura direta ou hidrossemeadura: utiliza coquetéis de gramíneas perenes e leguminosas que rapidamente fornecem cobertura ao solo. Devem ser utilizadas espécies nativas típicas do ecossistema a ser restaurado, promotoras da sucessão ambiental e evitar espécies exóticas agressivas que inibem a sucessão.

Ilhas de diversidade: são áreas pequenas, com diferentes densidades e diversidades de espécies arbóreas úteis para atrair dispersores de sementes das espécies presentes nas ilhas, assim como para trazer propágulos de outras espécies de áreas florestais remanescentes. Possibilitam a recolonização por diversas espécies e o restabelecimento do fluxo gênico e a conectividade entre as populações arbóreas.



Figura 1 - A -transposição de solo, B - enleiramento de galharia, C - poleiro artificial, D - ilhas de diversidade

Por: Portal Brasil Ambiental

Referencias Bibliográficas:

Bechara, F.C. 2006. Unidades Demonstrativas de Restauração Ecológica através de Técnicas Nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga. Tese (Recursos Florestais). Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 249p.

Fonseca, C.E.L.; Ribeiro, J.F.; Souza, C.C.; Rezende, R.P.; Balbino, V.K. 2001. Recuperação da vegetação de Matas de Galeria: estudos de caso no Distrito Federal e entorno. Pp. 815-867.In: J.F. Ribeiro, C.E.L. Fonseca & J.C. Souza Silva (Org.). Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Planaltina: Embrapa – CPAC

Gonçalves, R. M. G.; Giannotti, E.; Giannotti, J.G. Silva, A.A. 2005. Aplicação de modelo de revegetação em áreas degradadas, visando à restauração ecológica da microbacia do córrego da Fazenda Itaqui, no Município de Santa Gertrudes, SP. Revista do Instituto Florestal 17 (1):73-95.

Kageyama, P.Y. Gandara, F.B. 2004. Recuperação de áreas ciliares. Pp. 249-270. In: R.R Rodrigues & H. F. L. Filho (eds). Matas Ciliares: conservação e recuperação. São Paulo USP/FAPESP

Reis, A.; Bechara, F.C., Espíndola, M.; Vieira, N.K.; Souza, L.L. 2003. Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessionais. Natureza & Conservação (1): 28-36.

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3 comentários:

Transgênicos Não! disse...

Muito legal o seu site. Não o conhecia. Vamos juntos lutar por um Brasil mais limpo e que valorize o ambiente.
Abraço,

P.B.A. disse...

O espaço é nosso!!

É bom saber que não estamos sozinhos nesta luta.

Abraço!!!

Anônimo disse...

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