Um guarda-sol para o planeta Terra?

Parece ficção científica, algo do tipo Star Treck ou Star Wars, mas é verdade, saiu na Scientific America um projeto que prevê a instalação de um guarda-sol na órbita terrestre para controlar a temperatura global. A proposta é de J. Roger Angel, diretor do Steward Observatory Mirror Laboratory da University of Arizona, bastante conhecido por desenvolver tecnologias inovadoras de óptica e espelhos de telescópios.

No método idealizado por Angel, o "guarda-sol" não seria formado por uma única nave, mas por trilhões delas – cada uma, constituída por um disco de nitrato de silício com 60 cm de diâmetro e cerca de 0,25 mícron de espessura, perfurado com minúsculos orifícios, muito resistente e equipado com um computador e um sistema de navegação com menos de um grama. Os fótons solares atravessam o nitrato de silício de cada disco diretamente, mas os que passam pelos orifícios saem ligeiramente adiantados. Os dois conjuntos, então, produziriam interferência destrutiva, bloqueando parte da radiação que de outra forma atingiria a Terra espalhando cerca de 2% dessa radiação de cada lado do planeta. Ficaria localizado em L1, o ponto lagrangeano interno, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra. No ponto lagrangeano, o Sol exerce a mesma força gravitacional que a Terra. Em L1, o "guarda-sol" poderia diminuir a intensidade de radiação sobre o planeta sem poluir a atmosfera.

O projeto causou polêmica na comunidade científica. Se tivéssemos de diminuir o aquecimento global com um "guarda sol", o CO2 continuaria a aumentar, acidificando os oceanos e, com o passar do tempo, traria conseqüências ecológicas catastróficas. No entanto, interromper o aquecimento global temporariamente poderia ser vantajoso. Os Estados Unidos poderiam se encarregar de salvar a capa de gelo da Groenlândia e assim evitar que a Flórida seja inundada; a China poderia tratar dos glaciares do Himalaia; a Suíça protegeria sua indústria de esqui; todos sem o espalhafato comum das negociações sobre aquecimento global.

Provavelmente, o fato mais terrível é pensar no que poderá acontecer se não reduzirmos as emissões de carbono, construírmos uma proteção refrescante e depois vermos que ela simplesmente não funciona. Muitos temem que isso poderá reduzir os incentivos para desenvolver projetos para redução de emissões.

“É extremamente desastroso que esse gênio tenha

saído da garrafa bem na hora em que o mundo parece

finalmente despertar para a gravidade das mudanças globais”.

"Esta tecnologia vai inibir ações que estão começando

a ser tomadas e que envolvem severas reduções nas emissões”.
... lamentou Pierrehumbert recentemente para uma platéia no Kavli Institute,

da University of California, em Santa Barbara

Fonte: Kunzig, R. Um guarda-sol para refrescar a Terra . Scientific America. Disponível em: http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/um_guarda-sol_para_refrescar_a_terra.html. Acessado em: 09 dez. 2008

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